"Living Proof", ou "Uma Chance para Viver" (lançado em outubro de 2008), como foi traduzido no Brasil, é um poderoso e emocionante filme que conta a história inspiradora do Dr. Dennis Slamon e sua pesquisa revolucionária sobre o câncer de mama.
Sinopse:
Dr. Dennis Slamon (Harry Connick Jr.) é um médico que ajuda a desenvolver uma droga experimental chamada Herceptin®, um possível tratamento revolucionário na luta contra o câncer de mama. No entanto, quando o financiamento para seu projeto é cortado, dois filantropos ajudam o trabalho mais importante da vida do médico a tornar-se realidade. Com a ajuda de seus novos financiadores, Slamon continua a aperfeiçoar o tratamento, mas, apesar de sua nova droga ter a habilidade de garantir a vida, ela não funciona em todos os casos.
É um filme relevante para qualquer pessoa interessada na luta contra o câncer e na dedicação daqueles que trabalham para encontrar uma cura. Para os farmacêuticos, a relevância desse filme está na apresentação da pesquisa clínica e desenvolvimento de medicamentos na luta contra o câncer. Ao compreender melhor esse processo, nós como profissionais da saúde podemos melhor apreciar o trabalho duro e dedicação que é colocada em cada etapa do desenvolvimento e o impacto que essas pesquisas podem eventualmente ter nas vidas dos pacientes. Além disso, o filme também mostra como farmacêuticos e outros profissionais de saúde trabalham juntos em um esforço multiprofissional para proporcionar o melhor cuidado possível para os pacientes.
Vale ressaltar que o filme nos traz reflexões, principalmente quando somos profissionais ainda em formação. Talvez você se pergunte: "Por que o medicamento desenvolvido não é eficaz em todos os tipos de câncer de mama?"
Bom, essa é uma resposta que pode ser muito longa. Mas vamos tentar resumir.
O processo de desenvolvimento de um medicamento é bastante complexo e cheio de etapas e cada etapa agrega uma dificuldade específica ao processo.
- Etapa 1) Pesquisa básica: estuda-se a doença ou condição e busca-se potenciais alvos clínicos e compostos que possam atuar nesses alvos com eficácia. A segurança também é avaliada de forma preliminar.
- Etapa 2) Desenvolvimento pré-clínico: são feitos testes com os compostos identificados em modelos animais para determinação de segurança e eficácia. São realizados estudos envolvendo farmacologia e toxicologia para determinar por exemplo a farmacocinética e farmacodinâmica.
- Etapa 3) Estudos clínicos: os compostos aprovados na etapa 2 são testados em seres humanos. Essa etapa é subdivida em 3 fases. A fase 1 visa determinar a segurança, já a fase 2 visa a eficácia e a fase 3 visa comparar com tratamentos pré-existentes.
- Etapa 4) Aprovação regulatória e farmacovigilância: Consiste na submissão do medicamento aos órgãos regulatórios para liberação da manufatura em larga escala, distribuição, dispensação e tratamento. É também a etapa em que ocorre a farmacovigilância, onde a utilização pela população em larga escala pode evidenciar novos achados que podem afetar o registro do medicamento.
De forma didática, podemos visualizar essas etapas como um funil, que fica cada vez mais estreito conforme chegamos ao final. Menos de 10% dos compostos que iniciam os estudos pré-clínicos se tornam medicamentos aprovados, e os que são, passam por um processo demorado e custoso de desenvolvimento.
Para o desenvolvimento de medicamentos contra o câncer, temos outras variáveis que tornam o processo ainda mais complicado.
O câncer é uma doença muito variada, com muitos subtipos diferentes e causas subjacentes. Cada tipo de câncer tem suas próprias características e, portanto, requer um tratamento específico. Além disso, o câncer pode se desenvolver de maneiras diferentes em diferentes pessoas, o que pode afetar a eficácia do tratamento.
A variabilidade dos alvos clínicos é um dos principais desafios na descoberta e desenvolvimento de medicamentos nessa área. Como dito anteriormente, cada tipo de câncer tem suas próprias características e, portanto, pode ter alvos clínicos diferentes. Outro fator relevante são as mutações genéticas das células cancerígenas, que podem se tornar resistentes aos medicamentos, afetando a eficácia do tratamento.
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