Uma dúvida recorrente dos estudantes e profissionais de farmácia é: como diferenciar os tipos de distribuição de medicamentos? Quais as vantagens e desvantagens de cada um? O objetivo deste breve artigo é responder essas perguntas de forma simples e resumida!
Vale ressaltar a existência da RDC nº 430 de 08 de outubro de 2020 que dispõe sobre as Boas Práticas de Distribuição, Armazenagem e de Transporte de Medicamentos. Contudo, a definição de cada sistema de distribuição não é encontrada nesta RDC. Além disso, antes de buscar essas definições, precisamos diferenciar distribuição de dispensação!
O que é dispensação de medicamentos?
A dispensação é o último contato que um paciente tem com um profissional de saúde antes de iniciar o tratamento. Não consiste apenas na entrega do medicamento! É uma atividade técnico-científica de orientação ao paciente, de importância para a observância ao tratamento e garantidora do sucesso da estratégia farmacoterapêutica adotada.
O que é distribuição de medicamentos?
Consiste em assegurar a disponibilidade dos produtos solicitados, geralmente por setores (farmacêuticos ou não), que atuam como intermediários antes do recebimento do medicamento pelo paciente. Em resumo, consiste na distribuição dos medicamentos desde o fornecedor, passando pelas Centrais de Abastecimento Farmacêutico (CAFs), até os setores responsáveis pela dispensação!
Segundo a RDC 430/2020:
Distribuição é o conjunto de atividades relacionadas à movimentação de cargas que inclui o abastecimento, armazenamento e expedição de medicamentos, excluída a de fornecimento direto ao público.
A partir dos conhecimentos adquiridos pela leitura do trecho acima, podemos entender que a distribuição de medicamentos no contexto hospitalar ocorre entre a CAF e os setores, sejam eles os setores farmacêuticos ou as clínicas propriamente ditas.
Existem quatro tipos: Sistema de Distribuição Coletivo; Sistema de Distribuição Individualizado; Sistema de Distribuição Misto; e Sistema de Distribuição por Dose Unitária.
Sistema de Distribuição Coletivo
É um sistema de estoque descentralizado, onde a farmácia tem participação mínima no processo, o que ocasiona uma diminuição drástica da segurança do paciente, assim como dificulta o alcance do sucesso da terapêutica.
O sistema segue, em geral, a seguinte ordem lógica:
- O médico faz a prescrição;
- A enfermagem transcreve as prescrições, reunindo as de todos os pacientes;
- O pedido é encaminhado em nome da unidade (ou setor);
- A farmácia separa materiais e medicamentos em suas embalagens originais;
- A enfermagem recebe o pedido e armazena os itens na enfermaria;
- A enfermagem separa o pedido por paciente e por dose e a administra.
- Baixo investimento inicial;
- Fácil implantação;
- Redução do número de solicitações à farmácia.
Quais as desvantagens do Sistema de Distribuição Coletivo?
- O farmacêutico é visto mais como estoquista do que como membro da equipe de saúde;
- Maior ocorrência de Problemas Relacionados a Medicamentos (PRMs);
- Perdas econômicas devido a falta de controle dos "sub-estoques" espalhados pelo hospital (perdas por validade, acondicionamento inadequado, facilidade de desvio e/ou troca de medicamento de um paciente para outro, tempo excessivo gasto pela enfermagem para separação dos medicamentos, etc.)
Sistema de Distribuição Individualizado
Esse sistema permite uma maior atuação do farmacêutico, mas ainda não é o sistema que oferece mais benefícios, tanto ao paciente quanto ao sistema.
É dividido em dois: Sistema de Distribuição Individualizado Direto e Individualizado Indireto! No direto, o médico faz a prescrição em duas vias, sendo uma encaminhada à farmácia. No indireto, a enfermagem transcreve a prescrição, sendo a cópia encaminhada à farmácia.
O sistema segue, em geral, a seguinte ordem lógica:
- A farmácia recebe a prescrição médica (ou cópia transcrita);
- A farmácia separa os materiais e medicamentos por paciente e leito (para um período de 24 horas), sela os medicamentos e dá baixa no estoque dos medicamentos separados;
- O farmacêutico confere a prescrição e a separação dos itens, antes de encaminhá-los ao setor;
- A enfermagem recebe as tiras seladas, contendo os medicamentos, e separa a dosagem a ser administrada ao paciente;
- Depois de 24 horas, a enfermagem faz a devolução dos medicamentos não administrados.
- Os estoques periféricos dos setores são reduzidos;
- Diminuição dos erros de prescrição pela triagem dos farmacêuticos, uma vez que neste sistema o farmacêutico tem acesso à prescrição;
- Enfermagem gasta menos tempo separando medicamentos;
- Farmacêutico atuante.
- Enfermagem precisa separar as doses por paciente, gastando tempo que poderia ser de assistência ao paciente;
- Dificuldade de controle efetivo do estoque da farmácia devido às devoluções frequentes ou devido à criação de "sub-estoques" nas enfermarias quando as mesmas não são executadas.
- Paciente certo;
- Medicação certa;
- Dosagem certa;
- Via certa;
- Horário certo;
- Registro certo;
- Abordagem certa;
- Forma farmacêutica certa;
- Monitoramento certo.
- O médico faz a prescrição;
- A enfermagem encaminha a prescrição, em cópia exata, para a farmácia;
- A farmácia faz a triagem (análise dos horários de administração dos medicamentos, quantidade, doses, etc.);
- O farmacêutico analisa a prescrição;
- O auxiliar de farmácia prepara a dose unitária;
- O farmacêutico confere o trabalho do auxiliar;
- As tiras de medicamentos são encaminhadas à enfermagem, por um mensageiro;
- A enfermagem recebe as tiras de cada paciente, confere a medicação e a administra.
- Ausência de estoques periféricos;
- Redução da probabilidade de erros;
- Atuação efetiva do farmacêutico;
- Redução do tempo gasto pela enfermagem para separação;
- Redução de custos com medicamentos pelo maior controle de estoque e faturamento;
- Medicamentos dispensados em doses organizadas e higiênicas;
- Maior segurança para a equipe e para o paciente.
- Necessidade de planejamento minucioso, de modo a reduzir ações corretivas no final do processo;
- Necessidade de treinamento de todos os colaboradores envolvidos;
- Necessidade de aumento de recursos humanos e infraestrutura da farmácia;
- Necessidade de aquisição de materiais e equipamentos especializados.
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